impacto compliance e riscos

Desmatamentos e Queimadas na Amazônia – Gestão Socioambiental, Compliance e Riscos

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CAUSAS E EFEITOS SOCIOAMBIENTAIS

Em um ambiente VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo), estamos todos conectados por causas e efeitos locais, regionais ou globais. Vemos exemplos todos os dias, mas a crise que dominou as manchetes e redes sociais no mundo todo nesta semana tomou grandes proporções.

Há décadas cientistas e ambientalistas alertam sobre os desmatamentos, queimadas, o aumento das emissões atmosféricas e as políticas insuficientes do Brasil há vários governos federais, estaduais e municipais (lembro-me de no outono de 1993 passar 60 dias viajando nos rincões entre Mato Grosso, Pará, Araguaia e Rondônia convivendo rotineiramente com desmatamentos e queimadas).

IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS E GESTÃO DE RISCOS E COMPLIANCE

Há alguns anos as emissões de gases de efeito estufa do desmatamento/queimadas,  das indústrias, transporte e geração de energia fazem parte da gestão de riscos de uma organização ou governo.

O relatório de riscos globais 2019 do Fórum Econômico Mundial, lançado em janeiro deste ano, trouxe novamente 7 riscos socioambientais dentro dos 11 mais críticos: eventos climáticos extremos, desastres naturais, falha na mitigação/adaptação às mudanças climáticas, crise da água, perdas de biodiversidade e colapso de ecossistemas, migração involuntária de grande escala, desastres ambientais causados pelo homem. Com relação aos 5 riscos ambientais aqui citados, mereceu destaque:

aumento do seu impacto avaliado;

nos últimos anos alguns deles já vinham sendo avaliados dentre os 5 mais críticos, ou de maior impacto ou de maior probabilidade);

desde 2012 há pelo menos 2 deles entre os “top 5” de maior probabilidade, e pelo menos 1 deles entre os “top 5” de maior impacto (nos últimos 2 anos houve 3 riscos ambientais dentro dos “top 5” tanto de probabilidade como de impacto).

Há 2 décadas os impactos ambientais são abordados como parte de um sistema de gestão ambiental (p.ex. conforme a ISO 14001), e há quase 1 década como parte da gestão da responsabilidade social (p.ex.conforme a ISO 26000).

Passamos a abordá-los também como parte da gestão de riscos (p.ex. tendo como modelo a ISO 31000 – gestão de riscos): desde seu contexto, liderança e comprometimento, sua identificação, análise, avaliação, definição de ações para seu tratamento, implantação das ações, monitoramento da eficácia dos controles, análise crítica da gestão de riscos.

Atualmente passam a ser tratados também como parte de um Sistema de Gestão de Compliance (p.ex. como definido pela ISO 19600, e pela futura ISO 37301 certificável), como pôde se notar em crises recentes, como a de Brumadinho.

E a gestão de emissões para evitar o aquecimento global, bem como a mitigação e adaptação climática são abordados em outras normas ISO, como a recém-publicada ISO 14090 (Adaptation to climate change — Principles, requirements and guidelines) e a norma ISO 14091 (Adaptation to climate change – Vulnerability, impacts and risk assessment) ora em elaboração.

A CRISE ATUAL DO DESMATAMENTO E QUEIMADAS

Na crise atual, os efeitos estão se ampliando e ganhando escala global:

efeitos sociais importantes -> efeitos à saúde de moradores e atingidos pela nuvem de fumaça, com aumento de internações hospitalares em Estados como Acre, Rondônia e Mato Grosso, além de ter atingido outros países como Uruguai;

efeitos econômicos potenciais importantes -> riscos à concretização do Acordo União Européia – Mercosul; perda potencial do Fundo Amazônia (cedido principalmente por Noruega e Alemanha). Além disto, a fumaça afeta o transporte aéreo e fluvial na região;

riscos reputacionais -> manifestações de políticos, cidades, cientistas, populações, artistas, esportistas de diversos países, tanto nas redes sociais, como pronunciamentos, boicotes a produtos brasileiros e protestos em várias cidades brasileiras e ao redor do mundo, retratam a preocupação com os impactos das queimadas e desmatamento, mas também com os retrocessos do Governo Bolsonaro na gestão ambiental;

riscos políticos -> este assunto foi objeto de discussão na reunião dos sete países mais ricos (G7) em Biarritz, França, sendo solicitadas medidas de pressão contra o Brasil, pelo Presidente francês, para enfrentar a situação.

Estamos no meio de uma guerra: entre esquerda e direita, entre liberalismo econômico e centralismo estatal, envolto em muitas “fake news” para todos os lados – notícias falsas, exageradas, antigas, dados vetados para publicação, “jogar a culpa na imprensa e nas ONGs”…

Devemos procurar enxergar a realidade com fatos e dados concretos, buscando isenção de vieses ideológicos. Tentando  trazer alguns pontos do quadro geral:

Temos de lembrar que a cada ano a sobrecarga do planeta Terra é maior: neste ano, a conta feita há diversos anos pela ONG Global Footprint Network é de que os recursos disponíveis do planeta para 2019 se esgotaram em 29 de julho (nos últimos 20 anos essa data já se antecipou 3 meses), significando que anualmente a humanidade usa os recursos equivalentes de 1.75 planetas Terra.

O desmatamento e queimadas na região amazônica é assunto crítico para todos os países que a envolvem: Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Claro que cada um deles tem a sua forma de atacar o problema, com resultados diferenciados;

A situação do desmatamento e queimadas no Brasil vem piorando há vários anos – desde 2013/2014 que vemos a ampliação e oscilação do desmatamento/queimadas. E particularmente em 2019 o aumento foi bem maior.

O problema acontece não somente na região amazônica, mas também no Cerrado;

Nesta época de inverno no hemisfério sul, a estiagem/seca é maior e normalmente ocorre aumento de queimadas, o que poderia explicar parte do aumento (mas há controvérsias sobre o percentual);

Por outro lado, o Governo Bolsonaro demonstrou-se contra iniciativas ambientais e de combate ao aquecimento global, desde o seu início, quando pretendia sair do Acordo de Paris, passando pela intenção de reduzir a importância do Ministério do Meio Ambiente, seguindo com constantes conflitos e desmonte de fiscalização no IBAMA (e mais recentemente com o INPE). Simplificar mas que imbuído de espírito de “caça às bruxas” e falta de entendimento da importância e do papel da responsabilidade social no mundo atual, nubla quaisquer avanços e resultados, virando retrocesso.

E uma grande parte da população (incluindo políticos) vai ao sabor do vento das notícias exageradas/tendenciosas e nuances políticas que permeiam nosso momento…

Os governos anteriores têm culpa no cartório. O estado brasileiro é responsável. O Governo Bolsonaro é culpado… e agora está plantando o que colheu com a sua miopia sistêmica quanto aos assuntos socioambientais, a falta de prioridade e o conservadorismo exacerbado.

Nós, cidadãos, consumidores de produtos agroindustriais e pecuários, também somos responsáveis. Os produtores e setor empresarial tem a sua responsabilidade, e tem de gerir (e reduzir) de forma responsável seus impactos negativos. Os órgãos e organizações envolvidos com o tema tem de avaliar os impactos socioambientais, e riscos envolvidos e ter uma atitude ética e de compliance comprometida com uma gestão técnica responsável, profissional e que busca a verdade e a melhoria para as partes interessadas.

CONCLUSÃO

Quem trabalha na área ambiental há muito tempo já viu este filme muitas e muitas vezes… Mas a urgência e a difusão é crescente em escala planetária…  As reações são online e globais… assim como os danos à imagem e reputação (e todas as suas consequências).

A percepção geral é a de que não estamos fazendo o necessário para conter o aquecimento global e mitigar os riscos representados pelos impactos ambientais… Creio que ninguém escapa…

Trata-se de um trabalho coletivo, de responsabilidade compartilhada, cooperativa e preventiva. Todos teremos de nos esforçar mais para conter aquela que é considerada por muitos como a maior ameaça atual à humanidade, e também para reduzir a nossa pegada ecológica.

Trata-se de gerenciar riscos, compliance e de atuar com ética e integridade!

E vamos nos manter vigilantes!

Michel Epelbaum – Diretor da Ellux Consultoria

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